Diário do Mercado na 6ª feira, 07.04.2017
Ataque de Trump à Síria não ofuscou a agenda do dia
Resumo.
A manhã de 6ª feira -- que já traria fatores suficientes às equações dos analistas por conta da agenda do dia, com as divulgações do payroll (criação de vagas na economia) e da taxa de desemprego nos EUA e o IPCA no Brasil -- reservou ainda a notícia de um ataque de mísseis pelos EUA contra a Síria, em retaliação ao bombardeio com armas químicas lançado pelo governo sírio contra civis no combate interno aos rebeldes, no início desta semana.
Ainda que a percepção da elevação das tensões tenha dominado os noticiários – com destaque para os EUA frente à Rússia, aliada da Síria – o mercado doméstico, ao contrário de outras regiões mais sensíveis geopoliticamente, não se abalou inicialmente.
Todavia, um discurso da embaixadora norte-americana na ONU, no qual declarou que o governo norte-americano está pronto para “fazer mais” na Síria, elevou as apreensões globalmente.
No Brasil, o anúncio darevisão da meta fiscal para 2018 de um saldo negativo de R$ 79 bilhões para um déficit R$ 129 bilhões, pelo Ministério da Fazenda, acabou aumentando a sensibilidade negativa dos agentes, reduzindo o ímpeto doméstico.
Ibovespa.
A bolsa brasileira esteve de início alheia ao noticiário do bombardeio, refletindo majoritariamente os dados positivos da inflação pelo IPCA e payroll nos EUA, cuja fraqueza em março foi interpretada como menor chance de contração monetária pelo Fed - o que beneficia os mercados emergentes.
A Petrobras liderou a contribuição ponderada ao índice, favorecida pela alta do petróleo devido ao incremento da tensão com o ataque dos EUA, levando o Ibovespa a terminar a semana aos 64.593 pontos (+0,58%), com giro financeiro preliminar da bolsa em R$ 6,79 bilhões, sendo R$ 6,58 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O fluxo de capital para a Bovespa em abril segue positivo em R$ 1,04 bilhão, com a entrada líquida de R$ 272,6 milhões registrados no último dia 5. Em 2017, acumula agora R$ 4,578 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a inflação ao consumidor (IPCA) variou +0,25% em março, desacelerando ante o dado de fevereiro (+0,33%) e vindo em linha com o consenso. No acumulado de 12 meses, a taxa cedeu a 4,57%, ante 4,76% até fevereiro, beirando o ponto central da meta de 4,50%.
O indicador permanece denotando favorável tendência de arrefecimento inflacionário, ainda que sua leitura carregue um peso atribuído ao cenário recessivo do País, o que vem permitindo ao Bacen antecipar o ciclo de queda de juros.
Nos EUA, o payroll (dados do mercado de trabalho) mostrou em março a criação de tão somente 98 mil vagas na economia norte-americana, decepcionando o mercado que aguardava 180 mil novos postos.
No entanto, os ganhos médios por hora avançaram 0,2% - em linha com o consenso, enquanto a taxa de desemprego surpreendeu positivamente, caindo a 4,5% contra 4,7% em fevereiro, valor idêntico ao aguardado pelos analistas.
Refletindo a surpresa negativa, segundo leitura incipiente dos contratos futuros de juros na bolsa de Chicago, houve uma ligeira redução nas chances de elevação dos juros nnorte-americanso pelo Fed em junho, o que favoreceu os mercados emergentes na sessão.
Câmbio e CDS.
O dólar, que acompanhava a melhora do mercado de renda variável e dos juros futuros domésticos, com o favorável dado do IPCA, terminou “de lado” e refletiu o cenário internacional e a revisão do déficit doméstico para 2018.
A divisa encerrou o pregão cotada a R$ 3,1470 (+0,06%), acumulando +0,67% na semana (e no mês), -6,85% no ano e -14,62% em 12 meses.
Risco Brasil
O CDS oscilava aos 227 pontos, frente a 225 pontos da véspera.
Juros.
Auxiliado pelo positivo dado do IPCA, os juros futuros cederam ao longo de toda a curva a termo, mesmo com a virada do dólar e dos treasuries no meio da tarde.
Apesar da retração e do viés positivo trazido pelo indicador de inflação, não se alteraram as majoritárias apostas do mercado quanto à magnitude de corte a ser definida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) na próxima quarta-feira, dia 12, firmes atualmente em 100 pontos-base.
Para a próxima semana.
Novos desdobramentos da tentativa de avanço governamental na questão da reforma da previdência dividirão espaço com os prováveis imbróglios geopolíticos consequentes do ataque dos EUA à Síria.
A agenda econômica da semana estará recheada especialmente com dados chineses, como PIB, produção industrial, vendas no varejo e balança comercial. Internamente, o destaque absoluto será a definição de juros pelo Copom na 4ª feira após o fechamento dos mercados.
Nossa previsão permanece em redução de 100 pts-base, baixando a taxa Selic para 11,25% a.a.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feria, 07.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos